13/05/2009

De papiro a jornais

A impressão é realmente a verdadeira revolução da história do jornalismo" (PENA, Felipe)


Não tem como explicar a história do jornalismo impresso sem antes falar da invenção da escrita e da impressão que, sem dúvidas, foram os fatores que permitiram que o jornalismo impresso pudesse ter expansão em todo o mundo.

A invenção da escrita não foi considerada, de imediato, uma grande descoberta para o pensamento humano. O filósofo Sócrates, por exemplo, acreditava que um livro poderia abater por completo o conhecimento da humanidade.

Os primeiros suportes da escrita foram as tábuas de ferro sumérias, que dificultavam muito a transmissão da informação, pela baixa qualidade que se obtinha na escrita. Depois vieram as tabuletas de madeiras, marfim, bambu fundido, peles de animais, tiras de chumbo, estanho, pétalas de flor e papiro, considerado este o principal, principalmente na Antiguidade Clássica, pois era no papiro, por exemplo, que os romanos escreviam diariamente a Acta Diurna - um relato do que ocorria no Senado, além da vida social e política do Império. Esses relatos podem, inclusive, serem considerados como uma forma de jornalismo, por trazerem periodicidade e identidade.

Não se pode esquecer de trazer à tona também o nome de Gutemberg, que ficou conhecido no mundo ocidental como o grande revolucionário da impressão - uma de suas primeiras obras impressas foi a Bíblia. Através de Gutemberg foram consolidadas as línguas nacionais, difundindo-se a Reforma Protestante e também a Contra-reforma e a constituição da indústria do livro e da imprensa periódica.

Ao falar sobre a história do jornalismo impresso é importante ressaltar que o seu desenvolvimento, assim como o de outros canais de informações, está sempre envolto em interesses econômicos ou políticos da sociedade. Além, é claro, dos avanços tecnológicos.
Quando partirmos para os jornais, temos que explicar as gazetas, que vêm de "gazzete" - a moeda de Veneza, no século XVI.

As gazetas eram manuscritas, periódicas e possuíam 4 páginas, em frente e verso, custando uma unidade monetária (uma gazeta). Essas notícias eram de interesse mercantil, trazendo informações sobre as colheitas, chegada de navios, cotação de produtos e relatos de guerras. Nas gazetas, não se encontravam "títulos". Em tempo: Veneza era o centro comercial e informativo mais importante da Europa. Essas gazetas se derivam das lettere d´avvisi - cartas manuscritas, não periódicas, que já eram recebidas pelos comerciantes venezianos desde o século XIII, na Praça central da cidade, o Brolo.

No Brasil, o desenvolvimento do jornal impresso está atrelado à transferência da Corte Portuguesa no país. A “Gazeta do Rio de Janeiro” trazia informações da Corte Portuguesa, com caráter bastante oficial. Já o “Correio Brasiliense” possuía mais autonomia, trazendo – de forma independente – os fatos da nação.

Devido ao atraso das populações indígenas, a predominância do analfabetismo, a ausência de urbanização, a precariedade da burocracia estatal, e outros aspectos, o jornalismo no Brasil demorou a ser instalado se comparado a outros países, como México, Guatemala, Peru, Paraguai, Cuba, Argentina e Chile.

Um Novo Jornalismo
Na época de Gutemberg a tecnologia permitia a impressão de 50 páginas por hora. Em 1814, com a invenção de Koenig - os prelos com cilindros - era possível a impressão de 1.100 páginas por hora. Já com as rotativas de Marinoni era possível imprimir 95.000 páginas por hora. Além dessas, outras invenções foram capazes de mudar o jornalismo no século XIX: as melhorias na reprodução de imagens, com a fotogravura e a heliogravura, a invenção do telégrafo e a máquina fotográfica que inspirou o jornalismo a reproduzir, através de imagens, a realidade à sociedade.

Nesse mesmo século, o jornalismo passou a ser uma profissão, com pessoas que se dedicavam - de forma integral - a essa atividade. Agora, o jornalismo produz informação e não propaganda, nascendo a notícia baseada nos fatos e não nas opiniões, a busca pela verdade, independência (política e econômica), objetividade e noção do serviço público. Sendo assim, cria-se um "novo jornalismo", ou a "penny press", os jornais encarados como um negócio que rende lucros!

Referências teóricas:
“A Teoria do Jornalismo” (PENA, Felipe)
“Teorias do Jornalismo” (TRAQUINA, Nelson)

2 comentários:

  1. Então... entendam meu comentário como uma contribuição e não apenas como correção, os primeiros vestígios arqueológicos, que temos notícia,remontam a aproximadamente 4000 a/C, são de fato sumérios , porém foram gravações cuneiformes ( feitas com ferramentas em forma de cunha)efetuadas em placas de argila, que tiveram como utilidade a identificação de cargas de cereais , para ser mais preciso, eram amarradas no entorno da garganta de jarros também de barro, que continham os cereais a serem transportados durante o comércio pelo povo sumeriano. Foi o comércio portanto quem impulsionou o primeiro avanço ou a disseminação dessa escrita primitiva.

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  2. Muito legal esta contribuição! Obrigado.

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