31/03/2009

Depoimentos de jornalistas a respeito da RE – Recurso Extraordinário – 911561

"Sou favorável ao diploma de jornalista. Ao mesmo tempo, vejo que seria muito importante regulamentar o estágio na profissão. Assim, muitos jovens teriam a oportunidade de atuar na legalidade e diversos talentos não seriam ceifados. Trabalhei durante anos na área sem ser jornalista profissional. Devo isso às pessoas que confiaram no meu trabalho e no meu caráter. Não estou cuspindo no prato que comi, mas vejo que, com a obrigatoriedade do diploma - e consequentemente a regulamentação do estágio a bagunça seria menor. Não haveria mais espaço para oportunistas e pessoas de má índole neste segmento profissional."
Eder Henrique
Diretor de Jornalismo
Rádio Difusora AM 650 e FM 102.3

"Sou a favor, aliás, totalmente e radicalmente, do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Nada contra quem escreve, os chamados articulistas. São formadores de opinião, fundamentais para a estrutura de um jornal, mas a técnica jornalística se aprende no âmbito acadêmico e na prática. Não poderia, na condição de jornalista, por exemplo, assinar um laudo de Engenharia ou uma petição para um juiz. São apenas alguns exemplos. Em resumo, acredito que cada profissional deve se especializar em sua área. Cada um no seu quadrado."
Luciana Carnevale
Jornal A Gazeta de Piracicaba


"A respeito da exigência do registro, primeiramente, é preciso separar uma coisa da outra. A não exigência do diploma não elimina a necessidade de formação. O que acontece é que sindicatos e universidades são os interessados na exigência do registro, porque eles atrelam isso diretamente à necessidade do indivíduo se formar (cursar uma universidade) e, assim, torna-se um potencial sindicalizado. Ou seja, são os dois setores com o maior interesse comercial sobre a exigência do registro, que, repito, eles atrelam à exigência do diploma. Acontece que a exigência do registro para exercer a profissão de jornalista nasceu num contexto de Ditadura Militar, com o intuito de "marcar" quem era jornalista, já que, com uma lei restrita de divulgação de opinião e informação, o governo militar precisaria ter cada vez maior controle sobre os jornalistas. Então, por favor, dizer que o registro é "defesa da democracia" é uma mentira, já que essa exigência nasceu justamente como forma de contrapor a democracia; nasceu em um regime de exceção, de ditadura. Agora, no que tange a questões trabalhistas, exigir o registro num momento de comunicação tão variada e expansiva como o atual é criar uma pasmaceira jurídica sem precedentes. Ou seja: você vai proibir professores de escrever em uma publicação jornalística; você vai restringir blogueiros?; quem poderá abrir um site?, apenas jornalistas? Enfim, a exigência do registro cria uma pasmaceira, um lamaçal trabalhista, uma situação incômoda, intransigente e anti-democrática. Estamos, no fim, falando do Artigo 19 da Declaração dos Direitos Humanos, que dispõe sobre a liberdade de "expressão e informação". Muitos vão argumentar, por exemplo, que "não-jornalistas" têm espaço em colunas de cartas e artigos como “colaboradores”, mas, espera aí, informação é apenas produzida por jornalistas? Não!, de forma alguma. Então, é por isso que sou totalmente contra a exigência do registro. Ao mesmo tempo, sou favorável à necessidade de formação. Eu, como um jornalista e que tenho que contratar jornalistas, costumo apenas contratar formados – com algumas raras exceções. Enfim, essa briga pelo registro que, tenho certeza, vai ser derrubada no Supremo, só interessa a professores universitários presos a uma briga sindical e de sindicalistas presos em sua necessidade de fortalecer uma entidade que há tempos não representa a categoria."
Erich Vicente
Jornal A Tribuna Piracicabana


"Sou estudante de jornalismo. Naturalmente, defendo o diploma. Mas não é uma defesa que se baseia apenas nos motivos particulares, é uma idéia que preza pela qualificação do serviço a ser prestado. Vejo o jornalismo como uma profissão fascinante e exigente. Vejo também que necessita cuidados extremos, pois é o principal elo entre o fato e a sociedade. Recordo que é através do jornalista que a sociedade forma opiniões, constitue fatos, enfim, compreende seu entorno. Fica claro, nestes breves argumentos, a necessidade do bom preparo, da boa formação e conhecimento de quem informa, do jornalista. E o curso universitário está para tal tarefa. Oras, se um médico ou advogado precisam de seus diplomas e formação, o jornalista está em igual posição. Pode-se discutir a maneira como as universidades tratam o curso, mas é inadmissível questionar sua validade. De que adianta saber utilizar microfones, câmeras e gravadores se não se tem a noção exata de suas finalidades? De que serve possuir uma voz abençoada se não se sabe utiliza-la? Jornalismo não é apenas exposição de idéias. É a exposição de fatos diante de uma sociedade. Esta sociedade tem regras, obrigações. Saber aplicar ao texto um "lead", saber até que ponto se deve respeitar um entrevistado, tudo é aprendizado. Para isso, está o curso de jornalismo. Caso o diploma seja declarado sem valor, teremos nos jornais um reflexo da sociedade: muita estética e pouca eficiência."
Leonardo Moniz, 5º semestre de jornalismo, Unimep.
TV Piracicaba, canal 5 Net

"Existem pessoas excelentes, na área. Mesmo sem o diploma de jornalismo. Como também há aqueles com diploma que, não tem ética, cultura e conhecimento. Minha maior preocupação é que, o jornalismo além de fonte de informação e também cultura e tudo mais. Uma palavra mal escrita, mal dita, mal empregada pode gerar grandes prejuízos, até prejuízos morais. Tivemos vários casos com repercussão nacional que, as "pessoas" só atrapalharam o trabalho da própria polícia, como, o caso Eloá e Escola de Base. Penso também que, isso é questão de índole, de personalidade e talvez, isso não se aprenda na escola, mas, no convívio familiar. Temo que, com a não obrigatoriedade do diploma, qualquer pessoa queira exercer a profissão. Quando digo, qualquer, quero dizer pessoas que, não tem habilidade com o português, não tem conhecimento, ética e cultura. Queiram apenas, ganhar dinheiro, aquele dinheirinho extra e dizer que, é jornalista, sem ter o básico para isso. E daí para onde vai, a real informação de forma imparcial? A credibilidade? Se pudesse votar, votaria a favor do diploma. Embora, alguns colegas, que respeito o trabalho, não tenham o diploma. Percebo que, hoje, o jornalismo para alguns é um rostinho bonito que, aparece na telinha. Veja, o grande número de modelos, mulheres de diretores que estão em evidência fazendo entrevistas? Jornalismo é algo sério. É informar a população dos acontecimentos e deixá-la julgar esses acontecimentos. E não querer "aparecer" diante das câmeras, mas, deixar a notícia ter mais destaque, do que, o próprio profissional."
Flavia Vieira
TV Beira Rio


"Eu, como jornalista profissional diplomado, logicamente sou a favor do diploma. Como a maioria das profissões regulamentadas, o jornalismo também precisa de uma formação acadêmica. Para ser um bom jornalista não é preciso, somente, saber escrever e/ou falar. É preciso muito mais, como ética, técnica de redação e, se possível, uma segunda língua, entre outros matérias que nem sempre aprendemos somente com a prática. Por isso, sou favorável à especialização acadêmica."
Erivan Monteiro
Editor de esportes e Marcas & Motores do Jornal de Piracicaba

"Com certeza, concordo em genero, número e grau com as palavras do Eri. Além disso, os "jornalistas" não diplomadas acabam tirando vagas e/ou emprego de profissionais que estudam e batalham, no minimo, quatro anos.... Desse jeito, o jornalismo poderá exercer a profissão de médico?????"
Leandro Bollis
Rádio Onda Livre AM

"Concordo com todos, sou formado em Comunicação Social - Rádio e TV pela UNIMEP e tenho meu diploma e não consigo emprego, pois existem pessoas que não são do ramo trabalhando na função, só por que fala bem ou sabe fazer outra função que poderia ser emprego de qualquer cidadão que luta por 4 anos para ter seu diploma. Se você tem o diploma você tem o seu direito. Se for assim, não deveria existir faculdade."
Vitor Prates

"Penso que não escolhemos, somos escolhidos pelo jornalismo e somente depois da iniciação (leia curso superior), estaremos pré-aptos a respeitar uma série de condutas que envolvem a confraria (leia profissão) e somente estaremos aptos quando olharmos para trás e afirmarmos que nunca caímos na tentação (leia presentinhos em troca de “favores”). Ser jornalista, no romantismo da profissão, é ser responsável e amante da informação. É mesmo como uma seita, onde fazemos pacto com a defesa dos direitos da sociedade. Ganhamos pouco, trabalhamos muito e defendemos a verdade com todas as forças. O diploma é nosso escudo e a palavra nossa espada. Sejamos dignos e defensores de nosso armamento!"
Alessandra Fraga
Assessora de Imprensa

Por Fernando Galvão

A constitucionalidade do diploma de jornalismo



Nesta quarta feira, 1º de abril às 14h, o Superior Tribunal Federal irá analisar em última estância a RE – Recurso Extraordinário – 911561, tal proposta tem como objetivo questionar a constitucionalidade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Concomitantemente também será analisada a ADIN – Ação direta de Inconstitucionalidade – contra a lei de imprensa interposta pelo PDT.

Nas estâncias inferiores a obrigatoriedade foi mantida por unanimidade, fato que deixa otimista a FENAJ – Federação Nacional dos Jornalistas – e Coordenação da Campanha em Defesa do Diploma.

Varias manifestações estão sendo feitas em diversas partes do Brasil, e nesta quarta feira chegarão a Capital Federal caravanas de todas as partes, para protestar em frente ao STF.

O assunto, polêmico, gera discussão até mesmo dentro da área de comunicação, tanto que a ação foi promovida pelo sindicato patronal de Rádio e TV do Estado de São Paulo, juntamente com o Ministério Público – SP.

De um lado o argumento que a obrigatoriedade do diploma ameaça a liberdade de expressão, do outro a luta pela garantia da diversidade de pensamento e opinião presentes na sociedade. O primeiro argumento é fraco, tendo em vista que a função do jornalista é de caráter informativo, embasado em estudos pré definidos, que lhe darão base para tal.

O que se questiona é a qualidade da informação a partir de um pré suposto que não haverá necessidade de conhecimento sociológico, filosófico e histórico. O aprendizado, quase que socrático, das boas faculdades de comunicações são de suma importância para os futuros profissionais, que aprenderão a questionar e fugir do senso comum, tão impregnado em nossa sociedade.

A desqualificação e banalização da profissão são quesitos que tornam o assunto relevante para a democracia brasileira. Ao pesquisar na Internet, sempre buscando as duas versões dos fatos me deparei com situações curiosas. Primeiro pelo assunto não ser abordado de forma ampla pelas mídias e segundo pelo fato do Sindicato Patronal de Rádio e TV, órgão que é contra a necessidade do diploma, não ter nada estampado em seu site oficial. Se o fato é tão importante, porque não está sendo divulgado?

O que se questiona não é a disputa por mercado de trabalho, que será mais difícil com a aprovação de tal recurso, pois profissionais gabaritados e competentes terão o seu lugar, mas o futuro da informação propriamente dita, a qualidade com que ela irá chegar ao receptor. O jornalismo se baseia na objetividade, imparcialidade, e passar a informação de maneira coesa é de suma importância para o futuro de qualquer nação. A grande pergunta feita pelo colunista da folha de São Paulo Nelson Mota é pertinente e precisa ser amplamente debatida: A exigência do diploma melhorou a qualidade de nossa imprensa ?

O que se discuti não é a apresentação de um pedaço de papel, que pode ser comprado facilmente em algumas instituições, mas sim o desenvolvimento intelectual de uma nação, que poderá receber informações direcionadas e manipuladas.

Do outro lado os sindicatos patronais citam os nossos vizinhos argentinos, pois lá não se faz necessário o uso do diploma de jornalismo, e nem outro superior, para o exercício da profissão, bastando apenas a comprovação de publicações em veículos de comunicações e nem por isso as instituições de ensino deixaram de existir. A verdade é que quem busca ser um profissional qualificado e com um bom senso crítico, recorre aos estudos, seja ele por meio de uma instituição qualificada ou através de mídias independentes. Muitos profissionais da área dissem que esta é uma briga de interesse corporativo, não concordo, o interesse pelo assunto deve ser amplo e abraçar todos as profissões.

Quarta feira, 1º de abril, me perdoem o trocadilho, serão 11 homens (ministros) e uma sentença, está nas mãos de nossos representantes o futuro da comunicação nacional. Que o resultado, seja ele qual for, traga embasamentos sólidos, que reforcem a necessidade de uma informação direta e sem pré-conceitos.

30/03/2009

Visita aos laboratórios despertam a curiosidade dos novos estudantes

Há um aroma pelas paredes dos laboratórios que conhecemos na última quarta-feira, 25 de março: Curiosidade.

Não tinha como negar que cada um dos alunos do 1ºSEM/JORN buscava, nos botões, câmeras e instruções das pessoas que nos acompanhavam uma própria identidade do que esperamos do futuro. Qual área seguir? TV? Rádio? Internet? Impresso?

Há uma notável ansiedade por parte de todos para que a prática comece logo a ser explorada, no entanto, sabemos da importância da matéria teórica, muito trabalhada - principalmente - nos dois primeiros semestres do curso.

Nas paredes demasiadamente cobertas de protetores contra ruídos que venham atrapalhar o desempenho dos alunos, ao tocá-las, descobríamos dentro de nós, sonhos e objetivos que serão construídos ao longo destes 4 anos de muito conhecimento.

Além da tecnologia provada e comprovada pelos mesmos corredores introspectivos dos laboratórios, percebemos um material técnico bastante interessante, com manutenções periódicas e uso adequado.

Da nossa turma, “A Terceira Onda”, participaram da visita: Érica, Lucas e Ronald. Esther, Leonardo e Fernando tiveram outros compromissos, mas já ouviram o nosso relato sobre a visita.

23/03/2009

A Terceira Onda


Nasce aqui o espaço criado pelo Grupo A Terceira Onda, o blog que será desenvolvido sob a orientação do Professor Paulo Roberto Botão; o propósito do Grupo A Terceira Onda é divulgar as informações com a máxima clareza seguindo as orientações do cronograma do trabalho que realizaremos na disciplina Introdução ao Jornalismo I, será um trabalho voltado para que as informações cheguem aos leitores do blog com entendimento no que está sendo pesquisado, e que seu formato possa vir a ser um veiculo de pesquisas para outros grupos. Queremos e desejamos que o blog siga com esse formato e propósito.

O conteúdo teórico que será apresentado ao longo deste semestre é de suma importância para o futuro do profissional do jornalista. Com ele conheceremos, através dos acontecimentos históricos, como surgiu nossa profissão e de que maneira iremos utilizar estes conhecimentos que fazem parte da evolução humana. A bagagem absorvida também servirá para nos tornarmos mais críticos, sempre com a certeza de que estamos em constante aprendizado.

Dessa forma realizar a observação dos veículos de comunicação que cada grupo pesquisará será uma forma perspicaz de trazer ao nosso conteúdo teórico muito do que se vê na prática. Sabemos que, infelizmente, nem sempre o jornalista é reconhecido pelo seu trabalho. Nós, que estamos iniciando agora um percurso acadêmico - que nos transformará em jornalistas - também temos a tarefa de tentar inverter, de alguma forma, essa concepção.
Somente observando, com ética e orientação técnica, podemos compreender melhor esse universo para apostarmos numa nova postura, que nem sempre depende apenas do profissional e sim do que a ele é oferecido.
PS: A Terceira Onda é um livro futurista escrito em 1980 pelo norte-americano Alvin Toffler. Neste livro, o autor sugere a formação de ondas civilizatórias determinadas principalmente pela matriz energética de cada período e a que leva o nome do livro é caracterizada pelo pós-industrialismo e pós-modernismo que o mundo passa a incorporar a partir da década de 1960. Nesse quadro, Toffler prevê a era da informação, a revolução científico-tecnológica em que o acesso à informação seria totalmente revolucionado. Diante disso, vemos que Toffler estava certo, hoje a formação de informação, ou seja, o jornalismo passa por uma mudança radical: a digitalização do mundo. Foi pensando nisso que tivemos a idéia para o nome do grupo; o desfio que nós, futuros jornalistas temos de enfrentar num mundo pós-moderno, no mundo da era digital.